quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Plano de Aula - Água

Sequência Didática

Série sobre água
Plano de aula 1 - O caminho da água

Planeta Sustentável
Introdução
Ao lado da biodiversidade e do aquecimento global, a disponibilidade de água está se tornando uma das principais questões socioambientais do mundo atual. Relatórios da ONU indicam que quase 20% da humanidade - cerca de 1 bilhão de pessoas - não têm acesso à quantidade mínima aceitável de água potável e aos 20 a 50 litros diários necessários para beber, cozinhar e tomar banho. Em contrapartida, o consumo per capita em países ricos como Estados Unidos e Canadá é de 300 litros diários de água. Inúmeras regiões do planeta já estão marcadas pela escassez e pelo estresse hídrico - desequilíbrio entre demanda e oferta de água, causado, entre outros fatores, pela contaminação dos recursos. Esse quadro vem gerando disputas e conflitos.
Este plano de aula inicia uma série de cinco propostas para trabalhar com a questão hídrica no ensino Fundamental. Serão abordados aqui, sob o ângulo da sustentabilidade e do consumo consciente, a origem, composição e distribuição da água e seus caminhos pela natureza, essenciais para compreender sua importância: sem ela, não seria possível a vida na Terra.

Objetivos
Identificar a presença da água no cotidiano e reconhecer sua importância como recurso natural indispensável à vida no planeta.
Reconhecer as diferentes etapas e processos que constituem o ciclo da água na natureza e avaliar repercussões das alterações nele promovidas pelas atividades humanas.

Conteúdos específicos
Água: distribuição, usos e consumo e ciclo da água

Ano
6º ao 9º

Tempo estimado
Quatro aulas

Desenvolvimento das atividades
Primeira aula
De onde vem a água? Como ela chega até as nossas casas, pronta para o consumo? Como a utilizamos? Como podemos economizá-la, evitando o risco de o recurso faltar no futuro? Essas questões podem ser o ponto de partida para planos de estudo, projetos ou sequências didáticas sobre a questão da água.
A moçada pode iniciar o trabalho com uma conversa sobre as questões propostas inicialmente. Em seguida, vale a pena assistir ao vídeo preparado pelo Instituto de Física da Universidade da USP (veja indicação no final deste plano), que traz belas imagens ao som da música Planeta Água, de Guilherme Arantes, além de questões que servirão à reflexão dos alunos ao longo da sequência didática. Proponha que anotem os dados e escrevam pequenos textos respondendo às questões propostas no vídeo: qual a quantidade de água doce disponível na natureza? Onde ela se encontra? O que cada indivíduo ou grupo social pode fazer para a conservação desse recurso? Retome essas questões na aula seguinte, quando os estudantes terão a oportunidade de analisar novos dados.

Segunda aula Levando em conta as diferenças de aprendizagem entre as turmas, os alunos devem começar a análise de dados e informações sobre a distribuição, a disponibilidade e o ciclo da água. Proponha que examinem os gráficos abaixo e organizem os dados sobre os recursos hídricos no planeta, percentuais de água doce e salgada e a distribuição da água na superfície terrestre e na atmosfera (a reportagem "Líquido precioso" tem mais dados a respeito - ver indicação no final desse plano). Se necessário, faça demonstrações com as proporções indicadas. Os dados levantam uma importante questão, que encaminha o debate sobre o fato de que apenas 2,5% da água é própria para consumo humano. Desse índice, somente 0,3% está nos rios e lagos e quase 70% nas geleiras e coberturas permanentes de neve, de difícil obtenção e aproveitamento.
A ÁGUA NO NOSSO PLANETA
A água no nosso planeta - Ilustração: Robles/Pingado
 
Em seguida, proponha que examinem o ciclo da água, ou ciclo hidrológico, destacando as etapas de radiação solar, evapotranspiração, condensação e formação de nuvens, precipitação, escoamento superficial e infiltração (ver o quadro abaixo). O exame de cartas sinóticas também auxilia na compreensão da circulação das massas de ar e do transporte de água na atmosfera. Trabalhe aqui com a garotada as possíveis alterações ou interrupções do ciclo da água e suas eventuais repercussões - caso da cobertura dos solos pelo asfaltamento e edificações, que acelera o escoamento superficial e dificulta a infiltração da água. A reflexão pode ser feita também sobre o fato de que a quantidade de água na Terra é sempre a mesma, o que indica a necessidade de medidas e práticas para evitar o comprometimento, desperdício ou consumo exacerbado do recurso.
CICLO DAS ÁGUAS
A água pura (H2O) é um líquido formado por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio e os cientistas acreditam que apareceu no planeta cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. O ciclo da água, também denominado ciclo hidrológico, é responsável pela renovação da água no planeta. A água é fator decisivo para o surgimento e o desenvolvimento da vida na Terra.

As forças da natureza são responsáveis pelo ciclo. Ele se inicia com a energia solar incidente no planeta, que é responsável pela evapotranspiração das águas dos rios, reservatórios e mares, bem como pela transpiração das plantas. O vapor d'água forma as nuvens, cuja movimentação sofre influência do movimento de rotação da Terra e das correntes atmosféricas. A condensação do vapor d'água forma as chuvas. Quando a água das chuvas atinge a terra, ocorrem dois fenômenos: o escoamento superficial em direção dos canais de menor declividade, alimentando diretamente os rios, e a infiltração no solo, alimentando os lençóis subterrâneos. A água dos rios tem como destino final os mares e, assim, fecha-se o ciclo das águas. A movimentação da água na natureza é mostrada na figura a seguir.
Ciclo das águas - Ilustração: Robbles/Pingado
O volume total da água permanece constante no planeta, estimado em 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Os oceanos constituem cerca de 97,5% de toda a água do planeta. Dos 2,5% restantes, aproximadamente 1,9% estão localizados nas calotas polares e nas geleiras, enquanto apenas 0,6 % é encontrado na forma de água subterrânea, em lagos, rios e também na atmosfera, como vapor d'água.
Fonte: Cetesb. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Terceira e quarta aulas
Dedique as duas últimas aulas à preparação e à exposição dos resultados finais. Com base no que já foi visto, proponha aos estudantes o debate sobre formas de economizar e utilizar adequadamente a água (a reportagem "Poluição e desperdício reduzem a água disponível no Brasil" tem dados sobre usos e consumo no Brasil - ver indicação no final desse plano). Esclareça que, para chegar às residências e aos estabelecimentos comerciais e industriais, a água é captada em rios, lagos ou reservatórios, vai para uma estação de tratamento, onde passa por processos de filtragem e purificação, sendo distribuída pela rede aos domicílios e estabelecimentos, pronta para o consumo. Recomenda-se filtrar ou ferver a água antes de bebê-la.

As turmas devem elaborar textos dissertativos ou pequenos registros audiovisuais, feitos em computador, sobre o combate ao desperdício da água. Enfatize que, nos trabalhos, é importante levar em conta as diferenças sociais, que marcam o acesso ao recurso. Lembre também que quase 70% da água para as atividades humanas destina-se à agricultura e à criação de animais, 21% para uso industrial e apenas 10% para uso doméstico.

Avaliação
Leve em conta os objetivos definidos inicialmente. Como a sequência didática é um conjunto articulado de aulas e atividades, registre a participação dos estudantes nas diferentes etapas e nos trabalhos individuais e coletivos. Examine a produção de textos, painéis, desenhos e outros trabalhos realizados por eles. Se necessário, promova debates ou atividades individuais para examinar o que os estudantes aprenderam neste percurso.
Quer saber mais?
Bibliografia
Ambiente Brasileiro: 500 Anos de Exploração dos Recursos Hídricos, Aldo Rebouças, em Patrimônio Ambiental Brasileiro, Wagner C. Ribeiro (org), Edusp, tel. (11) 3091-2911.

Internet
Revista de Estudos Avançados, v. 22, n. 63, São Paulo, IEA-USP, 2008 (Dossiê Água).
Recursos Hídricos, José Galizia Tundizi, em Revista Multiciência, Unicamp.
Dicas de como economizar água.
A Agência Nacional de Águas apresenta um balanço hídrico do Brasil.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo oferece explicações sobre o ciclo da água e a gestão dos recursos hídricos.
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos disponibiliza dados sobre previsão do tempo, cartas sinóticas e fenômenos climáticos.

Vídeo
Vídeo da USP Saber sobre a água
Consultoria: Roberto Giansanti
Professor de Geografia, autor de livros didáticos para Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos e consultor educacional
Professor, dê suas opiniões, críticas e sugestões sobre este Plano de Aula: planetasustentavel@abril.com.br
Marcio Magagna - Postado em 20/08/2009 22:25:53
É incrivel como a proporção de água doce é ínfima. Mas podemos aumentar isso. Já vimos que conscientização pouco faz, principalmente em países em que não se aperceberam de nenhum aparato constante de campanhas educativas (o nosso por ex.)Há que se mexer no bolso das pessoas para que tenham efeitos as providências efetivas a se tomarem, como: proibições de lavagem de automóveis, calçadas, trechos frontais à residência de ruas, grades, muros, etc. usando água potável com multa imediata aos infratores; proibição de instalação de torneiras junto a hidrometros das redidências, limitando o uso de água potável apenas à contida no reservatório; tornar obrigatória a construção de cisternas em prédios residenciais, comerciais, industriais, de recreação, enfim, todas as grandes construções que envolvam grandes extensões de telhados e calçamentos, para aproveitamento de águas pluviais (cabe aqui um incentivo: quanto maior a cisterna=reflexos nos impostos(todos!)), para os usos não-potáveis, inclusive vasos sanitários. Essas cisternas receberiam, inclusive, águas usadas em lavagem de roupas. Esta útima parte incrementaria nosso nível de água doce, uma vez que os grandes "fornecedores" de nuvens são os oceanos e mares, retendo água doce preciosa que retorna fatalmente aos litorais. Porém, precisamos ainda de um aliado indispensável: ânimo. Tanto os povos quanto os governantes (com excessoes) estão no marasmo "deixar como está para ver como fica" e sentimos iss refletido nas crianças também, fruto do egoísmo implantado pelas propagandas(há empresas privadas com programas sérios neste sentido) e programas de baixíssima qualidade da TV e Rádio. Se não são as mesmices da letras de música, são os longos progamas sobre crimes impunes, como assassinatos, corrupção, assaltos, novelas mal elaboradas no sentido filosófico, com boas inteções de conduta mas que acabam levando exatamente ao contrário pelas mentes adolescentes, que assumem os erros como correto, interferindo no carater (nunca na ausência deste). Portanto, os planos de aula, diga-se de passagem, são de ótima elaboração, porém atravancam no "como aplicar aos alunos". Ora, precisamos urgente de implantar Filosofia como matéria obrigatória aos alunos, ensiná-los a pensar, substituindo a mídia como sendo auxiliar de estudos para uma boa conduta social, não um produto acabado. Obrigado e um forte abraço a todos